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| Barbie 1978 |
Naquela época, as nossas infâncias não eram propriamente regaladas com muitas bonecas. As minhas, eram bonecas normais para a época: figuras de bebês com roupas sem graça... e quando as roupas se gastavam, não havia possibilidade de comprar outras.
Foi precisamente pelos meus 11 anos que vi a primeira Barbie. Fiquei fascinada com ela pois representava uma menina já crescida, elegante, adulta, um passo à frente das bonecas que eu tinha em casa. Sempre que podia, passava na loja e admirava-a, ao longe. Um dia entrei e perguntei o preço. Era demasiado cara para mim. E, com aquela idade, já não havia nenhuma chance dos meus pais a comprarem. Eu estava demasiado crescida... embora o meu coração fosse ainda o de uma criança...
Cerca de 25 anos mais trade surgiu no mercado a Barbie Princesa de Portugal, da coleção Princesas do Mundo. Agora, eu já era mãe e a minha filha já possuia o seu conjunto de Barbies, Kens, Teresas e muitas roupas, carruagens e vários tipos de acessórios e também filmes. Ah, não esquecer os filmes!
No entanto, ao ver esta Princesa, senti-me como se estivesse novamente do lado de fora daquela loja, em 1978, olhando perdida no tempo para a boneca que nunca tive.
Contemplo hoje aqui em casa, com extremo carinho, a minha Barbie Princesa e desejo que todas as meninas possam vir a ter a sua boneca de sonho. Se não for hoje, que seja daqui a algum tempo, porque há momentos muito nossos e aos quais temos direito. Se calhar, há uma parte do nosso coração que permanece criança, para sempre...
Ainda me recordo da minha avó me ensinar a fazer bonecas com o as folhas da espiga de milho e enfeitá-las com as barbas de milho, orgulhosos cabelos loiros e ruivos... Depois de remover a espiga, a folhagem decai como se de um vestido se tratasse. Inventa-se uma cabeça com os "cabelos" feitos a partir das barbas do próprio milho, torce-se, ata-se aqui e acolá e obtemos uma boneca. Pintavam-se os olhos e a boca da boneca, assava-se a espiga ainda tenra e leitosa, nas brasas e passavam-se belos momentos que provavelmente estarão bem guardados no imaginário de muitos de nós.
Bonecas 3D sempre as houve. Feitas também em barro ou em porcelana, de simples plástico ou bonecas já com componentes eletrónicos que lhes permitem emitem sons e fazer alguns movimentos. O mercado está repleto de marcas que todos bem conhecemos. Ultimamente fazem furor as bonecas personalizadas, como clones em miniatura, das suas donas.
A meu ver, embora os métodos de brincadeira estejam mudando um pouco, o essencial mantem-se: o desenvolvimento do instinto maternal e do instinto de cuidar.
